Na Alegria da Diversidade
A
polemica desta semana sobre o alto nível de racismo em Caxias do
Sul, fato este exposto no programa Fantástico da Rede Globo, não é
uma novidade para quem vive nesta cidade.
Aliás,
acho importante frisar que, o racismo impera em qualquer cidade, seja
do Brasil, ou em outro país qualquer, em níveis diferentes, mas
igualmente existente.
Mas
retornando para a cidade em questão, o cidadão que aqui reside, e
que não é “descendente” de italianos (ou algo que o valha), bem
sabe que a cidade vive sob o jugo da discriminação e do
preconceito.
Seria
uma grande utopia sequer supor que, uma região de colonização
europeia como esta, recebesse de braços abertos a todos aqueles que
para aqui vissem e que não pertencessem a sua raça ou que não lhe
trouxessem algum beneficio visível.
Essa
discriminação, não seria de maneira alguma algo aceitável, mas
seria de certa maneira compreensível, senão vejamos outro fato:
"Pesquisadores
descobrem no meio da selva Amazônica uma tribo selvagem de índios.
Eles tem seus costumes, seus rituais e suas crenças. Os únicos
seres humanos que eles viram até hoje são os de sua própria tribo
(raça)." Os pesquisadores são das mais variadas partes do mundo. Os
índios não irão recebê-los com festa e de braços abertos
certamente... Compreensível? Aceitável?
Independe
do que seu ponto de vista lhe disser sobre este fato, poderemos
traçar um paralelo com a cidade de Caxias do Sul.
Compreendemos
perfeitamente que, a ignorância e a falta de cultura bitolem um povo
e os tornem pessoas sem percepção e sem conhecimento suficiente a
ponto de pressuporem que são melhores ou ao menos, mais merecedores
do que outras pessoas de habitarem este solo. Pessoas que não sejam
de sua região de origem, ou que não pertençam a mesma religião,
que sejam de uma classe social menos favorecida ou outra diferença
qualquer que julguem ser uma ofensa ou uma ameaça a sua “supremacia”
territorial, certamente não serão bem recebidas, a menos que haja a
possibilidade de um favorecimento financeiro ou social.
Os
grilhões da ignorância estão atrelados aos pretensos ítalos
descendentes. Os arrogantes descendentes de italianos usam ante olhos
para evitarem ver o que ocorre ao redor e evitam perceberem que o
progresso chegou e junto com ele também chegaram outros povos,
outras pessoas... mas principalmente para não perceberem que eles
não são os únicos seres do planeta, ou ainda pior, que existe um
mundo além de Caxias do Sul.
Realmente,
é de se lamentar que nos dias atuais pessoas vivam desta maneira,
aparte da cultura que nos é oferecida, aparte da integração social
que nos bate a porta.
Deveriam
refletir e (talvez seja pedir muito) lerem sobre como chegaram até o
Brasil os colonizadores vindos da Itália.
Talvez
assim, percebam o quanto é importante para estes que chegam a cidade
a oportunidade de um recomeço e entendam que o que carregam com eles
não são doenças, mas sim a esperança de uma vida melhor.
Texto de 20/08/2014
Texto de 20/08/2014